Sim, volto a estar aqui. Aqui nesta casa de ninguém, onde ninguém se importa, ninguém me vê. E todas as pessoas estão ocupadas demais para se importar com pessoas. Lá fora também, as pessoas passam e não olham para cá. Não olham pelas janelas. Estou aqui na cozinha, vendo a água escorrer da torneira, caindo no ralo. Limpando os vidros das janelas embaçadas pelo frio. Acendendo a chama do fogão para não congelar. Não há calor humano. Não com a mesma efervescência de antes. Não para não se sentir sozinho. Apenas por conviver. Apenas para ter um lugar para ficar. Calor apenas na teoria. Mas aquela coisa de ficar junto, de abraçar, ficaram com nossos pais. Não há mais nada assim aqui.
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