domingo, 26 de fevereiro de 2012

Amigo(a) desconhecido(a)

 E após alguns dias, percebemos que a amizade de um desconhecido vale mais do que alguém que disse que te amou. Percebemos que o abraço mais simples valem mais do que as flores que você recebeu. E que para o tal desconhecido você não precisa de maquiagem. Que esse novo amigo vai te fazer dançar pra te animar, vai perceber quando você estiver triste e vai fazer coisas ridículas em público para te ver sorrir. E esse teu novo amigo desconhecido, vale mais do que o teu amor, que te deixou assim. E é ele quem caminha com você daqui pra frente.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Trecho de um ocorrido

 Depois de meses procurando-o eu o encontrei. E eu corri para ele. E ele correu de mim como o humano corre de um inseto asqueroso. Eu entendi, de certo. Fui eu quem causou toda a dor que ele teve de sentir. Fui eu quem o machucou e o fez sangrar talvez por dias. Mas eu não queria, eu também sofri por isto. Me desculpe. Eu tentei trazer o passado de volta mas não consegui. No minuto em que errei já não consegui consertar. Mas ele não me entendeu. Ele não parou nem olhou para mim, nem um segundo sequer. Ele não percebeu a verdade no fundo de meus olhos, ou em minhas lágrimas quentes. Ele me deixou sozinha ali, no meio do nada, sem pesar nenhum. E não havia nada que eu pudesse fazer. Nada que eu pudesse mudar. E todas as lágrimas que eu derramei por ele não foram o suficiente para o manter vivo. Ele devia as ter visto antes, eu deveria ter mostrado à ele. Mas era eu quem estava errada. E eu não posso viver vendo tudo passar várias vezes no mesmo lugar. Tudo parece apenas um sonho, ou um déjà vu enlouquecedor. E meu coração parece que não consegue mais aguentar todo esse sangue do meu corpo. Então, hoje já não sei o que fazer de minha vida, pois não sei viver sem ele. Não consigo imaginar minha vida sem vê-lo ou senti-lo. Não sei o que fazer se ele nunca mais estiver aqui.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Dormir

 E depois de um dia quente, nada melhor do que dormir. Dormir e não sonhar com nada, não pensar em nada, não fazer nada. Deixar de lado você. Deixar de lado essas críticas sobre mim. Deixar de lado o que é falso, e o que deveria ser real. Os amigos que não são. Deixar esse mundinho medíocre e dormir. Não acordar tão cedo, não olhar o relógio até acordar com overdose de sonho. Me espreguiçar, rolar na cama e voltar a dormir. Só dormir.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Seja assim

 Ele dizia que eu não era boa o bastante. Dane-se, essa sou eu. Se afaste de quem não te satisfaz, ao invés de esperar que alguém mude. E o homem que me quiser vai ter que me deixar ser assim, eu não preciso ser uma mulher de verdade, porque eu não quero. Se não me quiser assim, então não me queira. Seja você ou não seja nada, é o que digo. O passatempo da humanidade é criticar, nunca deixe sua essência cair nessa armadilha.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Agridoce

 A chuva agora cai. A chuva agora bate e escorre em minha janela, e os raios ameaçam desligar meu rádio. E eu  me lembro que quando fui embora de você eu nunca consegui ficar longe. Eu sempre estive lá enquanto você me permitiu. E foi você quem me mandou embora de vez, quando o que eu mais queria era voltar. Fui por educação, confesso. Mas não queria. Você vê como essa música é doce? Ela foi desenhada para nós enquanto dançávamos sozinhos na rua pela noite. Eu corria só para que você pudesse me alcançar. Para sempre. Eu quero que a música não acabe, eu quero ficar debaixo da lua. Quero ficar envolta por seus braços como um casulo. O balanço do vento balança minha mente, o que ouve com meu coração? Não está funcionando, tof tof. Está paraaandooo... Onde está você? Meu amargo amor. Essa praça se parece com um filme que eu vi em minha televisão. Ela sempre está dourada como as manhãs, seu eterno outono. É tão linda, o tempo nunca passa por aqui. As folhas caem e caem e continuam nas árvores. Por favor, me busque e me leve de volta para aquele filme.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Um negro

 Ele estava no mercado e comparava o preço dos produtos. Pegando o mais barato, uma velha senhora que amontoava produtos de marca em sua cesta olhou de canto de olho para ele. Ele, por sua vez, não se deixou abalar: sempre haveria alguém para fazer isso. Se sentia desconfortável mas já aceitava a situação. As coisas eram assim, seu salário era pequeno mas ao menos ele trabalhava, não é? E era uma pessoa como todas as outras, que fazia suas compras no mercado ao fim do mês. E as pessoas o olhavam como um estorvo na sociedade: um negro. E no caixa, a atendente dizia "só aceitamos pagamento à vista" antes mesmo de passar as compras, e ele lhe mostrava o dinheiro como um escravizado mostra sua carta de alforria. Assim, ele podia passar e voltar para a sociedade. Porque ele era um negro. Um negro.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Levantar e tentar

 Tem um lado meu que você nunca vai conhecer. Mas eu dei meu coração para você, e eu nunca vou mentir. As pessoas são obrigadas a se adaptar ao mundo, mas elas nunca mudam. As pessoas são quem são, e eu sou sua. Apenas sua. Então não atire suas coisas fora, não atire suas coisas em mim, pois eu vou ser atingida e não sei me defender de você. As pedras que você jogou no caminho quase me fizeram desistir de tentar, mas eu levantei e andei um pouco mais. Eu vou alcançar você e te trazer para mim.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Meu tempo.

 Tempo. Não tenho noção do tempo. Tenho tempo de tudo. Tempo. Ah, tanto tempo pra eu poder fazer as coisas, e tudo vai demorar tanto... O que fazer com tanto tempo? Tempo, meu amigo tempo. Passando calmo e sempre passando. O que for pode esperar, vou viver no meu tempo. Tempo, tempo que não passa, que não leva essas coisas velhas embora. Que não leva essa dor. Por que não passa, senhor tempo?  Tempo, aah tempo! eu não tenho tempo, tenho que correr agora. Isso aqui vai levar uma porção de tempo. O que eu fiz com meu tempo? Não tenho tempo de pensar. Tempo, onde está você, tempo? Eu perdi meu tempo. Não sabia quanto tempo o tempo levava pra passar. Tempo, meu velho tempo. Quanto tempo se passou? Já faz tempo. Agora tenho pouco e calmo tempo. Daqui a um tempo já me vou. Já está em tempo. Tempo. Já não era sem tempo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dedos manchados.

 Eu gritava e espalhava sangue na parede com meus dedos, e não havia ninguém me ouvindo. O sangue escorria com pressa em minha roupa, manchando e esquentando por fora. Esvaziando por dentro. Eu estava ficando louca, me batendo, arranhando o chão, quebrando coisas. Eu estava descobrindo a verdade, e mentindo do meu modo. Eu não era nada do que eu queria ser, e eu estava fazendo a minha verdade dolorosa ser um conforto para você. O que eu sabia eu havia jogado fora, o que eu queria eu já tinha e estava cega. Eu quero ir embora. Meu vício sou eu. Eu gosto de estar sozinha e sentir a dor de quando você foi embora, pois não gosto de estar sozinha e você não vai mais voltar. Tudo o que eu pude fazer foi ficar longe do perigo nas ruas, mas o perigo veio até a minha casa. E eu limpo meus dedos manchados de sangue no meu sofá, e mancho o botão da televisão. A programação me incomoda e eu não me importo mais. Tudo o que eu fiz por você foi não saber o que fazer, e o que você fez por mim eu não me lembro. Agora nós passamos com ar de indiferença e virando a esquina me ponho a chorar. Não sei se você faz o mesmo, mas parece que para mim não vale a pena. Eu só queria estar em seus braços agora, não parecendo nada nesse mundo grande e sentindo seu coração bater forte em meu ouvido. Seu coração, que quase pulava para fora agora já morreu quando eu passo. E apesar de tudo, o que mais dói em mim é seu coração, que você tirou de junto do meu em meu seio. E rasgou, e deixou o meu morrer de falta de ar. E me deixou morrer.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Menina linda

 Ela deixava tudo de lado, para depois. Ela sorria e mordia os lábios quando estava nervosa. Penteava os cabelos ruivos com aquela escova grande de madeira, ajeitava a presilha no cabelo e saía para passear. E ninguém a via, tão linda, passar. Ela gostava daquele rapaz que saía com a menina que trabalhava no café, e quando era sua vez de ser atendida, ela sonhava olhando para a outra e pensando no quão sortuda a outra era. Desejando que os dois fossem tão felizes quanto poderiam ser. E colocava o café sobre a pilha de livros e se escondia por trás deles. Talvez com vergonha de ser tão desastrada, de não se achar muito mulher. E daquele jeito de menina, ela era tão, tão linda...

A melhor companhia

 E não sabemos o que as pessoas pensam. E não sabemos o que as pessoas querem. Apenas gostamos ou não, às vezes nos enjoamos uns dos outros e sentimos alguma coisa a mais. Somos o que deveríamos ser? Nós pensamos se estamos certos, e, se algum dia terá valido a pena tudo o que passamos. Também existe alguém especial, alguém de quem fugimos. Apenas existimos. Apenas somos, não o que queríamos ser. E talvez eu não seja nada para as pessoas com quem convivo, mas sou alguma coisa para mim. Sei o que acho bonito, o que é simples e perfeito, e que amo os detalhes. Eu me conheço.. Sei o que me faz feliz e imaginar me basta, mesmo que ninguém queira viver isso comigo. E eu não preciso provar nada pro mundo, mas vou provar para mim mesma que mesmo cheia de erros, eu sou linda como o que eu quero ser. E que mesmo sozinha num mundo cheio de pessoas cegas, eu gosto da minha vida. Pois eu sou minha melhor companhia.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Vida.

 Sim, eu estava sozinha. Sozinha naquele apartamento do tamanho do mundo, e vazio. E havia aquele céu cinza lá fora, as pessoas inexpressivas passando na rua, a recepcionista do prédio conversando desanimada ao telefone. Havia a mesma coisa que sempre houve, mas eu nunca havia reparado que nada havia cor. E agora eu vejo tudo como realmente é: massante, tedioso, não-crítico. Tudo muito aceitável. Então eu fiz o que se espera da sociedade hoje em dia: deixei como está. Pendurei minhas roupas no armário, esquentei o almoço no micro-ondas e fui trabalhar.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Meu bom passado.

 E depois de tudo o que você fez para se aproximar de mim, das caretas, das risadas, das conversas, você desistiu. De um dia para o outro, você não estava mais lá. Estava em outra. Tantas noites perdidas com o ato vagaroso da conquista, tantos flashes de imagens de um casal na juventude. Da nossa juventude. Tanto futuro presente. Presente que deixou de ser. E na verdade eu sinto falta (e confesso que normalmente não admito), mas nem sei se eu o amava ou não. Talvez eu amasse mesmo fosse a textura da sua pele, a cor dos seus olhos, aquela covinha quando você sorri, o jeito como me abraçava, apenas isso. Seja como for, tenho saudades de você. Mas não quero complicar as coisas, tudo isso me deixou cansada. Mas, se você for embora, por favor vá logo. Não quero me despedir, suma da minha vida. E leve as lembranças com você, pois odeio ficar me lembrando de um bom passado. Ah, e some com essa saudade pra mim, fazendo o favor?

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Meu amigo.

 Ele foi quem me adotou. Me ensinou a pensar, a me equilibrar, a viver. Me ensinou a contradição da mente, como controlá-la. Me ensinou a não amar. Mas ele me amou. Eu ensinei a ele que apesar de nosso autocontrole, nossos sentimentos são importantes. Eu o ensinei que ele era importante mesmo se achando "apenas isso". E ele me aceitou com toda essa pilha de defeitos, e teve paciência. Tentou me fazer não amá-lo para que pudesse tomar conta de mim e nunca me machucar. Ao invés de meu homem, quis ser meu amigo para estar sempre ao meu lado. Para que não brigássemos, e quando eu brigasse ele pudesse me confortar. E hoje, sou eu quem o machuco, quando ele me vê com meu homem e se lembra de que é meu amigo. Mesmo que para mim ele seja meu grande amigo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Desabafo

 Vou dizer que não tenho tempo, vou falar sobre a vida de fulano com o vizinho, criticar as escolhas das pessoas, vou fazer coisas "mais legais" que cuidar das pessoas e do planeta, ou de minha própria vida. Vou causar guerra por onde passo, porque alguém criou a maldita lei que pra ser uma pessoa legal temos que destruir tudo o que há de bom. Que o amor é brega ou não existe, que quem beijar mais pessoas vai estar se dando bem e conquistando amigos. Que querer fazer faculdade ou pensar nos estudos é coisa de gente chata, e que quem conseguir chatear mais pessoas ou tiver mais dinheiro é melhor que os outros. Dizem que abortar é coisa do demônio, que quem não acredita em deus não merece respeito, quem está certo ou errado. Que as prostitutas são indignas, mas a culpa de não haver empregos não é delas. Precisamos de mais cadeias ou mais escolas e oportunidades? O que vai mudar na sua vida se alguém é homossexual? Julgar as pessoas não é coisa do demônio também? É claro que não adianta você fazer coisas más a vida toda e minutos antes de morrer ir à igreja pensando que vai pro céu. Não existe o dia do juízo final, o mundo seria eterno se os humanos não o destruíssem. Não custa nada separar o maldito material reciclável, seu cérebro funciona melhor se você lê, e pensa. Cabelo colorido não é anormal, nem ao menos faz diferença a cor do cabelo. Preconceito só causa discórdia, todos somos iguais no final. Existem gênios mas nem eles foram perfeitos, erros são normais e devem ser perdoados. As pessoas não erram de propósito. Deixar alguém triste não significa não amá-lo. Animais sofrem e tem alma, alma tão pura quanto a de uma criança, devemos amá-los tanto quanto uma. Inveja não vai fazer você ser a outra pessoa, cada um tem seu próprio brilho. E, acho que o mais importante, se você reparar nos detalhes, nas pessoas, nos gestos que elas tem, você vai perceber que o amor existe e, mesmo que ninguém se importe ou tente, todos são capazes de amar.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Quebrada por dentro.

 Ela estava sozinha todos os dias, porque ela sempre cometia os mesmos erros. Ela mente que não está ferida, mas está retalhada por dentro. Ela quer achar razões pelas quais está perdendo sua mente. Não há pra onde ir, ela sente que não vai encontrar nada em qualquer caminho que siga. Não há como seguir em frente. Ela só quer achar as respostas, o porque de estar enlouquecendo. É duro não saber quem você é, e ter que lidar com isso como se tudo estivesse muito bem. Por onde ela deve caminhar? O que ela deve fazer? Mesmo que ela cole os pedaços nada vai ficar calmo, porque estará trincado e frágil, propício a se quebrar novamente num estalar de dedos. E ela sabe que vai voltar a quebrar, e ela vai voltar a colar, e não entende porque não tem concerto definitivo. Sua alma está morrendo, esfarelando, apodrecendo. Não há cura, está acabado. E ela sempre estará sozinha.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Reis e Guerras

 E houve um dia após o outro, e outro, e outro... Mas isso estava mesmo acabando comigo! Carregar o peso dessa guerra por tantos dias. Nós matamos tantos inocentes quanto pudemos, para ganhar uma terra que nos sobrará, e um respeito através do medo. Fizemos nossas mães e nossas esposas chorarem, deixamos nossos filhos com esse exemplo de como resolver as coisas. Deixamos nossos malditos reis orgulhosos. Deixamos destruição pelo caminho. Deixamos nossas famílias sozinhas. Trocamos o que nos era importante pelo dever. Pela obrigação. Por uma satisfação cruel.