sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Um negro

 Ele estava no mercado e comparava o preço dos produtos. Pegando o mais barato, uma velha senhora que amontoava produtos de marca em sua cesta olhou de canto de olho para ele. Ele, por sua vez, não se deixou abalar: sempre haveria alguém para fazer isso. Se sentia desconfortável mas já aceitava a situação. As coisas eram assim, seu salário era pequeno mas ao menos ele trabalhava, não é? E era uma pessoa como todas as outras, que fazia suas compras no mercado ao fim do mês. E as pessoas o olhavam como um estorvo na sociedade: um negro. E no caixa, a atendente dizia "só aceitamos pagamento à vista" antes mesmo de passar as compras, e ele lhe mostrava o dinheiro como um escravizado mostra sua carta de alforria. Assim, ele podia passar e voltar para a sociedade. Porque ele era um negro. Um negro.

2 comentários:

Anônimo disse...

o preconceito é uma coisa tão normal nesta sociedade capitalista,julgam o ser por sua aparencia não pelo o que ele é.

Aninha R. disse...

e ninguém é só o que aparenta