Está chovendo novamente. Sempre chuva, pra me lembrar das nossas chuvas que passamos juntos. E tenho frio e não tenho para onde correr. Estou encharcada de medos. Trovões me arrepiam a pele e você não está aqui para me confortar. Vou ser levada pela enxurrada pois não tenho onde segurar - estou insegura. Tudo se foi junto para o bueiro, todas as esperanças, toda a fé. Não carrego nada, tenho os bolsos vazios e um coração partido. Quando mais preciso de ajuda você foge com seu barco em bom estado, e onde antes cabiam dois hoje só há um. Como você pode dizer que se importa se a cada passo que dou para chegar perto de você seu barco se afasta mais? Mas não se afasta somente, rasga meu coração com sua madeira velha e sua maneira de partir. E olha para o outro lado para fingir que está tudo bem. Grita pra mim "você vai se salvar" e se vira pra ir embora. Não, não vou me salvar. Vou ficar por aqui e morrer afogada, onde você me deixou. E a tempestade não vai passar.
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