domingo, 20 de novembro de 2011
Pecados
Deitada em minha cela, meu leito de morte, calada. Com a respiração alta falando por mim. A noite toda ouvindo a porta ranger e as sombras se esconderem por trás dos móveis. Sonhando com meu falecido amor e seus sete anjos negros a rodeá-lo. Seus sete pecados. E eu à beira do precipício, sendo empurrada por suas enormes asas contra mim, separando-me dele. Uma visão terrível para uma figurante de filme de terror barato, uma ainda iniciante. Uma completamente leiga insegura, eu. Uma quase morta. No estado em que a pele não pode ser mais pálida, e nem o corpo mais frio. E nas veias o sangue coagulado, onde injetei nada mais do que ar, pois em vida já não podia mais respirá-lo. E por entre os pedaços retalhados de meu coração todo sangue já se fora, e agora jazia no chão, junto a mim. Mas para minha surpresa não consegui livrar-me de minha carne pesada, um falso abrigo para a alma. Vivi então estagnada, em abstinência. E agora que meus amores se foram por conta de nossos pecados, me encontro aqui, andando por entre túmulos e cadáveres pútrefes. Na companhia de quem vem me buscar, do que nos leva embora. Aguardando a minha vez, usufruindo de meus últimos pecados.
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3 comentários:
consagrada face digna de atos,morrer te talvez seja uma boa soluçao a quem considera a vida um pecado.talvez a impureza da face estagnasse um pouco na hora do adeus.
Sinistro
escreve mais best
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